Cajazeiras, aninhada no coração do Sertão da Paraíba, ostenta com orgulho o epíteto de “A Cidade que ensinou a Paraíba a ler”. Mais do que um mero slogan, essa frase ressoa com a profunda e inegável vocação da cidade para a comunicação e a formação. Ao longo das décadas, Cajazeiras consolidou-se como um verdadeiro celeiro de talentos midiáticos, e é justamente por isso que a ausência de um curso superior de Jornalismo em seu currículo acadêmico se torna uma lacuna cada vez mais evidente e urgente.
A força da imprensa local é inquestionável. Temos o testemunho de três potentes emissoras de rádio em AM, duas delas com mais de meio século de história e grande alcance, moldando o debate e a informação na região. A tradição radiofônica, pilar da comunicação sertaneja, convive hoje com a pujança da imprensa escrita, materializada no único jornal impresso de todo o Sertão, o Gazeta do Alto Piranhas, e complementada por uma infinidade de sites genuinamente cajazeirenses.
Este ecossistema midiático não apenas consome, mas também produz e exporta talentos de alto calibre. É comum vermos profissionais forjados na labuta diária dos veículos cajazeirenses ganharem destaque e migrarem para a capital, João Pessoa, e até mesmo para centros maiores. Cajazeiras é, por natureza, uma grande formadora de comunicadores.
Diante dessa realidade, a pergunta se impõe: Por que não um curso de Jornalismo para Cajazeiras?
A qualificação e a tradição já existem. Os veículos, os profissionais experientes, o público engajado e a infraestrutura básica (com instituições de ensino superior já estabelecidas) estão todos presentes. Um curso de Jornalismo não seria apenas um acréscimo ao rol de opções acadêmicas, mas sim um investimento estratégico que potencializaria um talento local já em ebulição.
Imagine o impacto de oferecer aos jovens da região a chance de se aprofundar em teorias da comunicação, técnicas de reportagem, ética jornalística e as novas mídias digitais, tudo isso sem precisar deixar sua terra. Isso não apenas aprimoraria os profissionais que já atuam – oferecendo a eles oportunidades de especialização e reciclagem – mas também reforçaria a qualidade e a credibilidade da imprensa local como um todo.
A cidade que ensinou a Paraíba a ler tem a responsabilidade de continuar ensinando a Paraíba a informar. Oferecer um curso de Jornalismo é reconhecer a vocação histórica de Cajazeiras, valorizar seus veículos de comunicação e, acima de tudo, garantir que a próxima geração de grandes comunicadores do Sertão esteja ainda mais qualificada e preparada para os desafios da era digital.
Cajazeiras tem a matéria-prima, a tradição e o mercado. Falta apenas a chancela de um curso superior para consolidar, de forma definitiva, sua posição como um polo inegável de formação e excelência jornalística no Nordeste. É hora de transformar essa necessidade em realidade.
* Fernando Alencar (Radialista)




