Brasília — Um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias do INSS, que pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024, abalou a capital federal nas últimas semanas e colocou sob os holofotes nomes ligados a importantes figuras políticas do país.
Entre eles, está o ex-candidato a prefeito de Marizópolis (PB), Jeronimo Arlindo da Silva Junior, mais conhecido como “Junior do Peixe”.
Ex-assessor do atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), Junior do Peixe também ocupou, entre 2020 e 2021, o cargo de secretário parlamentar de Motta e a diretoria de Assuntos Institucionais da CONAFER (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil).
A entidade é apontada pela Polícia Federal como uma das beneficiárias de repasses milionários resultantes de descontos irregulares nos benefícios de aposentados e pensionistas.
As investigações, que correm sob sigilo, indicam que aposentados foram associados a sindicatos e entidades de forma fraudulenta, sem consentimento, permitindo descontos mensais automáticos em seus contracheques — prática que afetou milhares de brasileiros.
A gravidade do esquema levou ao afastamento do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Em entrevista ao portal Espião do Sertão, Junior do Peixe afirmou ter “consciência limpa” e defendeu sua atuação à frente da CONAFER. Segundo ele, o sistema de descontos já estava em funcionamento quando assumiu o cargo, em 2020. “Eu fui contratado para dirigir a CONAFER em 2020.
Quando lá cheguei, já existiam os descontos objetos de investigação. Eu não criei nada, apenas dirigi a instituição que já operava”, declarou.
O ex-assessor atribuiu o destaque dado ao seu nome a uma tentativa de politização do caso, por conta de sua ligação com Hugo Motta, que desde fevereiro ocupa a presidência da Câmara dos Deputados. “O que estão querendo fazer é simplesmente politizar as coisas pelo fato de Hugo Motta hoje ser presidente da Câmara e eu, realmente, ter uma certa afinidade com o mesmo”, disse.
Junior do Peixe também afirmou não ter sido intimado ou convocado para prestar esclarecimentos às autoridades, mas se colocou à disposição para colaborar. “Estou tranquilo, consciência limpa e apenas esperando o desenrolar dos fatos. Se for convidado para dar explicações, com certeza farei sem nenhum problema ou ressentimento.”
