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“Pode ser legal, mas fere de morte a autonomia universitária”, disse o deputado Jeová Campos sobre a nomeação de novo reitor da UFPB.

A nomeação de Valdiney Veloso Gouveia, que foi o candidato com menos de um décimo dos votos da comunidade acadêmica, não teve nenhum voto do Conselho Universitário – Consuni – e que só entrou na lista tríplice à custa de uma liminar, como novo reitor da Universidade Federal da Paraíba, gerou protestos de professores, funcionários e estudantes da UFPB, além de vários setores da sociedade. O deputado estadual Jeová Campos, que é professor licenciado da UFCG, foi um dos que se manifestaram contrariados com a nomeação feita pelo presidente Jair Bolsonaro. “Essa nomeação fere de morte a autonomia universitária, uma vez que não leva em consideração a avaliação da própria comunidade acadêmica para a escolha de seu maior representante e também a Democracia, porque a chapa mais votada e eleita não foi a escolhida!”, destacou o parlamentar que torcia pela nomeação da Chapa de Terezinha/Mônica, que obteve 47 votos no Consuni e venceu as eleições com 964.518 votos.

O deputado lembra que embora legal, essa nomeação é completamente arbitrária. “O processo estabelece que é prerrogativa do presidente da República definir os nomeados para o cargo de reitor das Universidades Federais, a partir da lista tríplice encaminhada pelas instituições, mas o mínimo que se espera de quem nomeia alguém para um cargo deste é respeitar a decisão da comunidade acadêmica, o que não aconteceu na UFPB, quando foi escolhido o último colocado na disputa eleitoral. Essa manobra nada mais é que uma forma de intervenção nas universidades públicas do país,  para colocar nos cargos apoiadores ligados ao projeto político e de poder do presidente. Infelizmente, essa é a realidade do descaso com a Educação e com as universidades públicas em todo o país neste (des)governo federal”, disse Jeová.

Em entrevista a uma rádio de João Pessoa, nesta quarta-feira (05), a candidata mais votada, Terezinha Domiciano, disse estar estarrecida com a nomeação e falou que não teve tempo ainda de ver se cabe alguma medida jurídica para tentar reverter a nomeação. “Ainda estou sob o choque desta notícia que deixou toda a comunidade acadêmica perplexa. Não sei se cabe alguma medida jurídica que reverta essa decisão. Só penso que um reitor que teve uma votação tão inexpressiva dos docentes, técnicos administrativos e estudantes, e que não conseguiu nenhum voto no Consuni, não tem respaldo para comandar a UFPB”, disse Terezinha. O novo reitor foi nomeado para definir os destinos da UFPB para o período 2020 – 2024.

Jeová lembra ainda que, com essa nomeação, Bolsonaro quebra um costume adotado desde o governo Lula, que era nomear o primeiro colocado da lista tríplice, que, no caso da UFPB, seriam Terezinha e Mônica, da Chapa 2 – “Inovação com Inclusão”, que venceram as eleições com 964.518 votos (soma total ponderada e normalizada). O segundo lugar, Isac/Regina Célia, obteve 920.013 votos (soma total ponderada e normalizada). A chapa do reitor nomeado Valdiney/Liana obteve apenas 106.496. “Esse é mais um desmonte da universidade pública, é o caminho da privatização do ensino público no Brasil, é a tentativa de ampliar o caráter ideológico no campo da direita, da narrativa conservadora, que nega a ciência. É o processo de desmonte da Educação. Infelizmente, e para que isso não continue, precisamos lutar pela defesa da democracia, da universidade pública e da autonomia universitária”, destaca Jeová.

Em pronunciamento, o presidente do Sindicato dos Professores da UFPB (Adufpb), Fernando Cunha, reforçou que esse é mais um ataque do governo Bolsonaro à Democracia: “Este é mais um ataque à universidade, à democracia e à autonomia universitária, demonstrando, claramente, que esse governo não tem nenhuma responsabilidade com a coisa pública, com a legitimidade dos processos democráticos. Ele demonstra claramente que é inimigo da Educação”, disse Fernando.

Assessoria

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